O Despertar de Nethus


Aqui é tudo escuridão


A cada passo não enxergo o chão


A luz que eu via queimava meus olhos


E por isso quis fugir por medo


 


Fugindo da dor eu me perdi


Eu simplesmente segui em frente


Não sabia quem eu era,


Não sabia onde eu estava


Uma dor me perturbava,


E era a do meu coração,


Uma tristeza tão grande


Mas eu não sabia a razão.


 


Andava com os braços estendidos


Na total escuridão


Estava ao ar livre,


Em meus pés sentia a grama


O vento no meu rosto


Na boca, o desgosto,


A garganta comprimida


Ouvia ruídos de animais


E movimentos calmos e lentos,


Eu era uma alma sega,


Ao relento.


 


Em um dês-mundo,


E a cada segundo


Eu me perdia mais e mais.


Um som de um rio,


Busquei-o para minha cede matar


Mas suas margens traiçoeiras,


Para a salvação queriam me levar


Cai no rio, e seu gosto era diferente


Era doce o gosto, era ferrugem


Era o meu remédio,


Sem querer ia o engolindo


E aos poucos eu vi,


Sim eu vi, e me surpreendi!


O rio era vermelho,


E no segundo seguinte


Tudo fez sentido,


O gosto que eu havia sentido


Era o néctar dos vivos.


 


De me afogar não tinha medo


Não tinha certeza de estar vivo


Meu coração estava quase mudo,


Meu corpo quase frio,


Minha mente quase morta...


Respirava apenas por costume


 


Agora eu podia ver por onde eu ia...


Mas não sabia que caminho seguir


Pois ainda não saberia dizer


A onde eu fui me meter.


 


Buscava na minha mente,


Alguma memória,


Mas era um ser ausente que me dizia


E confirmava o que eu já sabia


Este não é o meu lugar...


 


Ouço um grunhido,


Um ladrar, um rosnar.


Há um animal a me rondar...


O suor desce pela minha testa


Não sinto medo,


Por ainda não saber se estou vivo.


Ele se decidiu, e vem na minha direção...


Acabe logo com minha aflição,


Sinto seus pelos em minhas mão...


A morte chegando...


Para um de nós...


Sinto caninos grandes e longos,


Morderem um pescoço,


Vejo sangue jorrar


Membros arrancados,


A loucura em meu olhar...


Um ser com essa força imensa


Que eu não consigo controlar...


 


Agora fora de perigo,


Consigo me dominar,


Sim, estou vivo,


Agora posso acreditar,


Mas o que sou?


Isso não posso falar..


Sou monstro talvez,


Pois humanos não possuem essa força,


De humano tenho apenas esse ódio


Um ódio e sede de sobreviver,


E do monstro tenho os dentes e o poder.


O que me tornei?


Alguém pode me responder?


 


 


 

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